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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O Tempo da Quaresma




Um tempo com características próprias.
A Quaresma é o tempo que precede e nos prepara para a celebração da Páscoa. Período de escuta da Palavra de Deus e de conversão, de preparação e de memória do batismo, de reconciliação com Deus e com os irmãos, de vivência mais frequente e aprofundada das armas dapenitência cristã: a oração, o jejum e a esmola (cf. Mt 6,1-6.16-18).
De maneira semelhante ao povo de Israel, que partiu durante quarenta anos pelo deserto para ingressar na Terra Prometida, a Igreja, o novo povo de Deus, prepara-se durante quarenta dias para celebrar a Páscoa do Senhor. Embora seja um tempo penitencial, não é um período triste e depressivo. Trata-se de uma época especial de purificação e de renovação da vida cristã para podermos participar com maior plenitude e gozo do mistério pascal do Senhor.
A Quaresma é um tempo privilegiado para intensificar o caminho da própria conversão. Esse caminho supõe que cooperemos com a graça divina para que o "homem velho", existente em nosso interior, morra gradativamente. De forma a rompermos com o pecado, que habita em nossos corações, e nos afastarmos de tudo aquilo que nos separa do plano de Deus, e por conseguinte, de nossa felicidade e realização pessoal.
A Quaresma é um dos quatro tempos fortes do ano litúrgico e isso deve ser refletido com intensidade em cada um dos detalhes de sua celebração. Quanto mais forem acentuadas suas particularidades, tanto mais intensamente poderemos viver toda sua riqueza espiritual.
Portanto, é preciso se esforçar, entre outras coisas, para entender e viver bem esse tempo:
- Para que se compreenda que, neste tempo, são distintos tanto o enfoque das leituras bíblicas (na Santa Missa praticamente não há leitura contínua), como os textos eucológicos (próprios e determinados quase sempre de modo obrigatório para cada uma das celebrações).
- Para que os cantos sejam totalmente distintos dos habituais e reflitam a espiritualidade penitencial, própria desse período.
- Por obter uma ambientação sóbria e austera, refletindo o caráter de penitência quaresmal.
Sentido da Quaresma
A primeira coisa a ser dita a respeito desse tempo litúrgico é que a finalidade da Quaresma é ser um tempo de preparação para a Páscoa. Por isso é definida “como caminho para a Páscoa”. Esse tempo não é um período fechado em si mesmo ou um tempo “forte” ou importante em si mesmo.
É, antes de tudo, um tempo de preparação para a Páscoa. O tempo quaresmal, como preparação para a Páscoa, se apoia em dois pilares: de um lado, a contemplação da Páscoa de Jesus; de outro, a participação pessoal na Páscoa do Senhor por intermédio da penitência e da celebração e da preparação dos sacramentos pascais –batismoconfirmação, reconciliação, Eucaristia-, com os quais incorporamos nossa vida à Páscoa do Senhor Jesus.
O ato de nos incorporarmos ao “mistério pascal” de Cristo supõe participar do mistério de Sua Morte e Ressurreição. Não esqueçamos que obatismo nos configura com a Morte e Ressurreição do Senhor. A Quaresma procura fazer com que essa dinâmica batismal (morte para a vida) seja vivida mais profundamente nesse tempo, para que o nosso pecado vá morrendo e sejamos ressuscitados com Cristo para a verdadeira vida, pois o Senhor nos assegura que se o grão de trigo morrer dará fruto.
A esses dois aspectos há que se acrescentar outro ponto mais eclesial: a Quaresma é tempo apropriado para cuidar da catequese e oraçãodas crianças e jovens que se preparam para a confirmação e a primeira comunhão e para que toda a Igreja ore pela conversão dos pecadores.
Vivendo a Quaresma
Durante esse tempo especial de purificação e santificação, contamos com diversos meios propostos pela Igreja que nos ajudam a viver a dinâmica quaresmal.
Antes de tudo, a vida de oração é condição indispensável para o encontro com Deus. Na oração, quando o cristão inicia um diálogo íntimo com o Senhor, a graça divina penetra em seu coração e, a semelhança da Virgem Maria, se abra à ação do Espírito cooperando com ela com sua resposta livre e generosa (cf.Lc 1,38).
Como também devemos intensificar a escuta e a meditação atenta à Palavra de Deus, a assistência frequente ao sacramento da reconciliação e a Eucaristia, e mesmo a prática do jejum, segundo as possibilidades de cada um.
A mortificação e a renúncia nas circunstâncias ordinárias de nossa vida também constituem um meio concreto para viver o espírito de Quaresma. Não se trata tanto de criar ocasiões extraordinárias, mas de saber oferecer aquelas circunstâncias cotidianas que nos são incômodas, de aceitar com alegria os diferentes contratempos que nos são apresentados no dia a dia. Da mesma maneira, o saber renunciar a certas coisas nos ajuda a viver o desapego e o desprendimento. Dentre as diversas práticas quaresmais que a Igreja nos propõe, a vivência da caridade ocupa um lugar especial. Assim nos recorda São Leão Magno: "Estes dias de Quaresma nos convidam de maneira apremiante ao exercício da caridade; se desejamos chegar à Páscoa santificados em nosso ser, devemos por um interesse especialíssimo na aquisição desta virtude, que contém em si as demais e cobre multidão de pecados".
Esta vivência da caridade deve ser vivida de maneira especial com aqueles a quem temos mais próximos, no ambiente concreto em que nos movemos. Assim, vamos construindo no outro "o bem mais precioso e efetivo, que é o da coerência com a própria vocação cristã" (João Paulo II)

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