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terça-feira, 9 de setembro de 2014

Mensagem do Papa Francisco a líderes religiosos mundiais

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MENSAGEM

Mensagem do Papa Francisco por ocasião da 28ª edição do Encontro Internacional Homens e Religiosos, promovido pela Comunidade de Santo Egídio
Segunda-feira, 8 de setembro de 2014
Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal
A S.E. Johan Jozef Bonny
Bispo de Anversa
Peço-lhe gentilmente para transmitir minhas calorosas saudações aos representantes das Igrejas cristãs e das comunidades eclesiais e aos muitos chefes das religiões mundiais reunidos em Antuérpia de 7 a 9 de setembro de 2014 para o Encontro Internacional para a Paz. Agradeço à diocese de Anversa e à Comunidade de Santo Egídio por terem organizado este encontro no qual homens e mulheres de diferentes tradições religiosas estão reunidos em uma peregrinação de oração e de diálogo inspirados no “espírito de Assis”.
O tema do encontro deste ano – A paz é o futuro – recorda o surto dramático da Primeira Guerra Mundial há cem anos, e evoca um futuro no qual o respeito recíproco, o diálogo e a cooperação ajudarão a banir o sinistro fantasma do conflito armado. Nestes dias em que não poucos povos no mundo precisam ser ajudados a encontrar o caminho da paz, este aniversário nos ensina que a guerra não é nunca um meio satisfatório para reparar as injustiças e alcançar soluções equilibradas para as discórdias políticas e sociais. No final, todas as guerras, como afirmou o Papa Bento XV em 1917, é uma “matança inútil”. A guerra arrasta os povos para uma espiral de violência que depois se mostra difícil de controlar; destroi aquilo que gerações trabalharam para construir e prepara o caminho para injustiças e conflitos ainda piores.
Se pensarmos nos inúmeros conflitos e guerras, declaradas e não declaradas, que hoje aflingem a família humana e arruínam a vida dos mais jovens e idosos, envenenando relações duradouras de convivência entre grupos étnicos e religiosos diversos e obrigando famílias e comunidades inteiras ao exílio, é evidente que, junto a todos os homens e mulheres de boa vontade, não podemos permanecer passíveis diante de tanto sofrimento e de tantas “matanças inúteis”.
É neste sentido que as nossas várias tradições podem, no “espírito de Assis”, dar uma contribuição para a paz. Podemos fazê-lo com a força da oração. Todos nós percebemos que a oração e o diálogo são profundamente correlacionados e se enriquecem mutuamente. Eu espero que estes dias de oração e de diálogo sirvam para recordar que a busca pela paz e pela compreensão através da oração pode criar laços duradouros de unidade e prevalecer sobre paixões de guerra. A guerra nunca é necessária, nem inevitável. Pode-se sempre encontrar uma alternativa: é o caminho do diálogo, do encontro e da sincera busca pela verdade.
Chegou o tempo dos líderes das religiões cooperarem com eficácia para a obra de curar as feridas, de resolver os conflitos e de procurar a paz. A paz é o sinal seguro do compromisso para a causa de Deus. Os líderes das religiões são chamados a serem homens e mulheres de paz. São capazes de promover uma cultura do encontro e da paz, quando outras opções falham ou vacilam. Devemos ser construtores de paz e as nossas comunidades devem ser escolas de respeito e de diálogo com aquelas de outros grupos étnicos ou religiosos, lugares nos quais se aprende a superar as tensões, a promover relações justas e pacíficas entre os povos e os grupos sociais e a construir um futuro melhor para as gerações que estão por vir.
Com estes sentimentos, invoco sobre todos aqueles que participam do Encontro e sobre todos aqueles que o apoiam com suas orações as bençãos do Deus da Paz (cfr Rm 15, 33).
Do Vaticano, 26 de agosto de 2014
Francisco

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